Carinha de joelho

Todo mundo quer um filho bonito. Não precisa ser lindo, ser um Tom Cruise da vida, mas, definitivamente, precisa ser bonito.
A cena é clássica: a mãe deitada após o parto, o pai corujando do lado de fora do quarto, e a família em peso pendurada na janela do berçário. O tio barrigudo do novo papai dá um tapa nas costas e fala:
- Mostrou que é homem!
- Claro! - responde o mais novo homem responsável do planeta.
As tias velhas, todas elas, inclusive aquela que não gosta do cara, mas está lá pra fazer comentários impróprios, vai logo dizendo:
- Aff... assim de longe ele não parece nada com você, meu sobrinho.
- É porque não abriu o olho ainda. - retruca a outra tia.
Porra, todo mundo sabe que o bebê, durante os primeiros dias pelo menos, parece um joelho. Isso, um joelho. Feio, pequeno e enrugado. Mas vai falar isso pra nova mãe. Fala...
Para a mamãe de primeira viagem, o filho é a imagem da perfeição. Nem o fato de ter nascido careca, banguelo, pelado e sujo diminuem a beleza do rebento. E Fábio Assunção passa longe. Não que eu ache esses dois cuecas que foram citados um exemplo de beleza, pois pra mim pessoa bonita é minha mãe, que me alimentou boa parte da minha vida e até hoje ainda filo a bóia na casa dela vez ou outra, mas as vedetes dizem que assim eles são, então que sejam.
Mas voltando ao pimpolho, acredito eu que a beleza dele fique apenas para os pais... assim, mesmo enquanto ele tá na barriga já se forma uma imagem, e não é a da ultrassonografia.
Acredito que um dia eu venha a sentir isso. Acho até que é isso o que eu quero, mas tenho medo. Vai que depois que o muleque cresce ele acaba ficando com a cara do Tom ou do Fábio, ou pior ainda, a cara do vizinho.