24.3.06

Isso ou aquilo, tanto faz!

Era verão de 92/93, o sol brilhava intensamente e era o mais lindo dos últimos anos, a brisa do mar tinha um cheiro que até hoje me deixa arrepiado só de lembrar, a areia não queimava os pés, e eu, bem, eu não tinha contas para pagar nem preocupações com trabalho.

Na idade que eu tinha não era muito difícil achar um novo desafio e superá-lo. Coisas bobas eram desafios, coisas bobas são fáceis de serem superadas. Então lá ía eu para um desbravamento do mar aquático submarino da praia. Nunca pensei que chegar até a ponta do quebra-mar era tão longe... mas com a maré baixa e o dia começando tudo fica mais lindo! Fomos num grupo de 5 pessoas. Até então tudo bem, nada de muito surpreendente. Até que me aparece uma cobra d´água. Hehehe!!! Susto da porra véi. Depois disso nada de anormal aconteceu.

Os minutos se passaram e os desbravadores conseguiram chegar ao objetivo: a ponta do quebra-mar. Ver o mar após o quebra-mar foi gratificante, aquele "marão" todo na minha frente, de 1 metro de fundura caía rapidamente pra mais de 10, coisa linda de meu Deus. Acredito que qualquer esforço valeria aquela recompensa. Mas o desafio maior ainda estava a caminho.

Ouvimos alguns assovios vindo da beira da praia, era meu tio nos chamando pra mais uma orgia de sorvetes e picolés. Então, como ao toque de um sino, começamos a voltar imediatamente pra terra firme. Mas não contávamos com a tal da maré já mais alta e subindo mais a cada minuto...

-O que faremos agora? - Perguntou um dos aventureiros.

- Ah! Nadar e nadar! - Respondeu o mais sábio de todos.

- Mas e quem não sabe nadar? - Eu indagava com ar de desespero!!

Hehehe, nesse momento encarei um dos maiores desafios de minha vida. Fechei os olhos, comecei a bater os braços em busca da terra firme, da areia. Em determinado momento eu me cansei, resolvi fazer uma pausa procurando o chão. Que chão? Já estava mais fundo do que eu imaginava, então o desespero me deu forças pra nadar mais rápido que um torpedo alemão. Em poucos segundos eu já estava ao lado do carrinho de picolé com o vendedor me perguntando o que eu queria: picolé ou sorvete?
Após tudo que se passou, pra mim isso não fazia a menor diferença. Então eu apenas coloquei a cabeça em cima do carrinho e apontando pra dentro eu respondi sabiamente:

- Isso ou aquilo, tanto faz!

Eita picolé de limão gostoso...