27.9.07

Que orelhas grandes você tem...

Trabalhar na noite não é tarefa fácil pra quem vende o corpo, nem pra mim, que fico tomando conta da vida alheia.

Já fazem mais de 6 meses que não sei o que é dormir direito. Meu cérebro já não diferencia o dia da noite. Sorte minha não ser casado, pois se fosse, uma hora dessas já teria um Ricardo no meu lugar...

Certa noite, num dos pequenos momentos de sono que tenho, comecei a passar por um sonho perturbador, inquieto, e, por que não dizer, sombrio. Sonhei que estava de posse de uma arma de fogo, dentro de um ônibus, o qual fazia linha pra uma praia qualquer, repentinamente, como só acontece em sonhos, eu estava fardado, presenciando uma cena de homicídio, e no ato mais puro de Tropa de Elite, me senti o próprio Wagner Moura, e descarreguei toda a munição que dispunha no momento. O problema todo é justamente isso, descarreguei a arma e não acertei nada. Então comecei a fugir, e foi nessa fuga que as coisas ficaram estranhas.

- Siga o coelho! - era uma voz rouca, cansada, e, por que não dizer, velha. Olhei para os dois lados à procura do dono dela e não achei.

- Siga o coelho, porra! - Repetiu ela, num tom mais ameaçador agora.

- Porcaria, eu tou mandando seguir o coelho!

- Tá, tá! Mas onde está a droga do coelho? - perguntei num misto de medo e revolta.

- Olhe pro horizonte e não se perca no caminho.

Olhei para o lado e lá estava um outro ônibus com o nome "coelho" pintado em sua lateral. Pensei que poderia ser aquele o coelho que a voz rouca me disse, então entrei nele.

- Passagem, por favor! - O motorista era gordo, com cara de poucos amigos, mas vestia uma camiseta colorida e usava chapeuzinho do Mickey. Achei confiável.

- Tenho não, moço, mas posso lavar as louças na saída.

- Certo, entre logo que já vamos partir.

Foi uma viagem estranha, tocavam uma música dos beatles com a voz do latino. Sentou-se ao meu lado uma jovem moça, também com chapéu do ratinho americano. Logo pensei que se tratava de uma excursão pro parque dele, e foi aí que me enganei.

- Olá, jovem moça com chapéu de orelha de rato, tudo bem? - Opa, era um sonho, valia de tudo.

- Olá! - Falou e colocou a mão por sobre a boca, tampando um sorriso maroto.

- Onde vai com esse chapéu? Vai à Disney?

- Não, tolinho. Esse chapéu serve pra esconder uma coisa.

- Coisa? me mostra. - Não sabia onde estava indo, não conhecia ninguém, e era um sonho... tinha que me jogar.

- Tá, então olha.

Ela tirou o chapéu, e um par de chifres foi revelado, nesse exato momento, o motorista e os demais passageiros também tiraram o chapéu, o ônibus se tornou o inferno e eu, de forma estranha, passei a ser um prisioneiro. Uma voz baixinha vinha do fundo de um panelão de barro dizendo: , . Então me levantei e desliguei o despertador, eram 7 horas da manhã e tinha um longo dia pela frente. Estou com medo do Mickey até hoje...

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