12.9.07

Perdendo os dentes

Essa semana estava sentado na calçada em frente à minha casa, relembrando algumas coisas da minha vida, quando me recordei de algo interessante. Algo que direcionou o meu pensamento pra mais distante, mais à frente, à evolução.

Imagine uma criança com seus 11 anos de idade, com o sangue borbulhando de esperanças e sonhos. Agora imagine essa criança totalmente introspectiva, sem ter com quem conversar, ou melhor, sem ter em quem confiar pra poder se conversar.

Era uma tarde de sábado, eu tinha acabado de tomar um banho e vestido a camisa domingueira (de final de semana) e fui direto pra pracinha procurar o que fazer. Não demorou muito e avistei aquela que rondava os meus sonhos infantis mais sujos ( ela sempre aparecia vestida de Chiquinha e eu de Chaves, era louco o sonho). Eu sei que ela nunca havia me dado bola, e ninguém sabia desse meu sentimento por ela. Ricardinho, vizinho da rua de cima, encostou e falou:

- Olha com Claudinha tá massa!

Não podia falar muito, não confiava nele, aliás, não confiava em ninguém, coisa triste pra uma criança de 11 anos. Mas, subtamente me deu vontade de conversar. Pensei comigo: "horas, se eu contar pra ele a parada pode dar certo!"

- Cara, eu acho ela gata, tu conhece ela né?! Tenta me "armar" com ela, véi. - tentei pra ver no que dava.

Não demorou muito e Ricardinho encostou nela, olhou pra mim, apontou e ela sorriu. Fiquei gelado na hora, as pernas começaram a tremer e eu já não sabia mais o que fazer. Esperei, apenas esperei pra ver no que daria.

No outro dia, no mesmo local, só que em horário diferente, estava eu lá, perfumado com a Seiva de Alfazema de minha avó, cabelo penteado pro lado e a outra camisa domingueira. Ricardinho apareceu, começamos a conversar sobre o caso. Ele disse que ela iria pra praça naquela tarde, mas nao acreditava que eu fosse gostar da notícia.

Sentei no banco e esperei, ele (Ricardinho) foi pro outro lado da praça. Num é que ela apareceu?! O velho gelo e tremedeira apareceram no exato momento que a vi. Ela caminhou em direção a Ricardinho, encostou nele, abraçou e beijou ele.

Pronto, agora voltem a imaginar aquela criança de 11 anos e com sonhos esperançosos. Mas mudem a ótica, a referência. Essa criança cresceria como? Infeliz? Revoltada? Não meus amigos, nada disso aconteceu.

Essa criança aprendeu a crescer perdendo os dentes, sempre confiante de que um novo nasceria.

Tá bom! Cê tá pensando que essa história eh "venéria"? Pode ser, ou não.

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